quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Você tem fome de que?


Ai que vontade de...

O desejo por determinado alimento – às vezes até por algo que não seja comida – pode ser sintoma de que seu corpo necessita de algum nutriente

Roberta está grávida e sente necessidade de comer frutas cítricas. Regina tem uma alimentação saudável, mas “baba” naquela suculenta gordura da picanha. E Karen, na gestação, tinha tanta vontade de coisas refrescantes que mandou para dentro um pão francês quente e crocante, deliciosamente recheado com... creme dental!

Aquele desejo incontrolável de comer algo específico pode ser um alerta do seu organismo. Se ele está carente de ferro, então “grita” que quer feijão. Precisa desesperadamente de proteína e você sonha com um hambúrguer. Está com a insulina desequilibrada e você jura que poderia matar por uma porção de batatas fritas.

Conforme o médico homeopata e ortomolecular Paulo Cesar da Silva Maciel, complexos mecanismos biológicos acionam o aumento do apetite de quem tem deficiência de algum nu­­triente. “A pessoa passa então a procurá-lo em alimentos diferentes do que está acostumada a comer, porque os comuns não estão suprindo sua necessidade física”, afirma.

Neste ponto seria ideal dizer que a relação é simples e direta: vontade instalada, adivinha-se onde há o tal nutriente, come-se e pronto. Mas não é bem assim que funciona: o tal do prazer atrapalha tudo. Quando o sujeito encontra algo de que gosta, passa a insistir naquilo, tenha ou não o que precisa. Se tiver, ótimo: a necessidade cessa até que apareça uma nova carência. Se não, está criado um vício alimentar.

Aí se explica o pão com pasta de dentes da Karen Bortolini, 29 anos, jornalista. Provavelmente o que ela tinha quando engravidou, há 12 anos, era uma defi­­ciên­­cia de ferro ou vitaminas. Ela começou passando o creme no dedo e lambendo. “Um dia passei na padaria e o pão estava quentinho. Cheguei em casa, abri e passei o creme dental”, descreve. Sua mãe chegou na hora e, envergonhada, ela escondeu sua “guloseima”. Apesar do flagra, Karen foi até o fim: comeu o pão inteirinho. “A sensação foi melhor do que comer um prato muito saboroso. Hoje não faria mais isso”, diverte-se.


Outra explicação para a excentricidade da moça está na gestação. “Pelo menos 50% das mulheres grávidas têm algum tipo de desejo por alimentos específicos e isso não é um mero capricho delas”, diz Maciel. As alterações hormonais dessa fase interferem no apetite e causam mudança do PH da boca, levando a mulher a comer o que antes não gostava. Além disso, a necessidade nutricional aumenta, tornando mais frequente a procura por alimentos que possam supri-la.

Grávida de dois meses, a farmacêutica Roberta Munhoz Novacki, 32 anos, está apaixonada por frutas ácidas. Ela, que antes comia no máximo uma fruta por dia, passou a devorar maçãs verdes, abacaxis e afins pelo menos três vezes por dia. “É uma vontade que eu nunca senti. Se não tiver a fruta em casa, tenho que sair para comprar”, explica.

Sentir necessidade de comer frutas é uma bênção. Muitas vezes, no entanto, a cobiça é por alimentos nada saudáveis. A professora aposentada Regina Gama, 58 anos, optou por uma alimentação saudável, apesar da “disposição nula” do marido e do filho. Ela aprendeu a fazer trocas. Quando quer chocolate, come uma barra de frutas coberta com chocolate. Os doces são substituídos por frutas maceradas; os bolos, feitos com iogurte no lugar do óleo. Além dos doces, a grande provação de Regina é a gordura da picanha. “Aquele gordinho eu amo, mas não como.” Para não ficar na vontade, ela come um pedaço da carne.

Drible

A estratégia de Regina está certa. Mesmo que você esteja lutando contra os ponteiros da balança ou tentando seguir um caminho mais saudável, dê ouvidos ao que seu organismo pede. “Um desejo muito intenso deve ser atendido para que a vontade não aumente”, recomenda a nutricionista Marilize Tamanini. Não é preciso, no entanto, enfiar a boca no fast food. É possível fazer substituições.

Outra forma de driblar as vontades calóricas, diz Marilize, é combinar qualidade e quantidade no café da manhã, equilibrando assim o hormônio cortisol, obtendo a energia necessária que auxilia nas escolhas alimentares mais saudáveis. E o fracionamento das refeições – de cinco a seis por dia – evita quedas de pressão, mantém os níveis de açúcar no sangue e deixa o metabolismo mais eficiente.

Fonte: VIVER BEM


Nenhum comentário:

Postar um comentário